segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ainda há príncipes encantados

Hoje vou deixar-vos com um texto da Margarida Rebelo Pinto que me chegou ao email depois de uma longa e agradável conversa! :)
Será que ainda existem príncipes encantados!? Eu quero acreditar que sim... Eu quero que ainda haja um para mim! :) Concordo plenamente com o que a autora diz, identifico-me com muitas das situações e lembro-me que já em posts anteriores referi como seria o meu piiincipe...
Ao ler o texto, tive a sensação que talvez fosse demais existir alguém assim tão completo mas cheguei à conclusão que não, claro que não! Basta amar de verdade para se ser assim! Eu também serei uma piiincesa, a piiincesa do meu piiincipe!! Por isso vou usar o meu batom e sair de casa como sempre faço, porque quem sabe um dia o meu piiincipe me irá encontrar!!! :)
Eu ando por aí e os extraordinários como eu também, por isso um dia vamos encontrar-nos... Estou a ver o cenário, ele no carro com uma música bestial a tocar, o cão no banco de trás, eu desastrada como sempre, à procura de alguma coisa na minha bolsa e a ficar com o tacão preso nas pedras da calçada. Quando ergo a cabeça para ver se ninguém reparou e disfarçar o momento, ele está estacionado mesmo ao meu lado, farto e cheio de se rir à minha custa... E o que acontece depois!?? Fico sem jeito, com cara de má e tento tirar o salto do sapato mas não consigo... Fico irritada mas ao mesmo tempo com vontade de me rir da situação! E ele, o pateta, continua a rir-se!! E não é que vou ter que me descalçar porque o sapato não sai mesmo... Entretanto ele desliga a música, agarra na trela do cão e sai do carro e eu ali presa. Tiro o pé do sapato e baixo-me para tirar o salto entre as pedras quando sinto uma grande lambidela na minha face. É o cão dele que me cumprimenta!! :) Olho para o cão, faço-lhe uma festa e sorrio ao dono mas ao mesmo tempo estou sem jeito porque estou descalça e com o meu sapato preso. Faço uma nova investida para retirar o sapato, quando o pateta que há instantes se ria de mim, se baixa e me ajuda na tão difícil tarefa! Eis que se dá aquele olhar, o tal olhar, aquele dos filmes, aquele pelo qual anseio que aconteça... Ficamos 3, 4 segundos :) a olhar um para outro e depois ele retira o sapato habilmente e com alguma facilidade! Nesta altura estou bem rosada, envergonhada e sem palavras, só com um belo sorriso no rosto. Calço-me e agradeço-lhe. Claro que não me vou embora e nem ele, quem é que impede que isso aconteça? O cão dele porque está sentado à minha frente com a pata no ar. Desatamos a rir e daí nasce a nossa conversa que se prolonga por uma bela tarde de passeio no parque.
Bemmmm, estive a ler o que acabei de escrever e amei... Este texto que vou partilhar de seguida inspirou-me e, de certa forma, fez-me acreditar novamente que o meu príncipe anda por aí algures perdido à minha procura!

Se está à espera do Dia dos Namorados para arranjar um, não fique sentada. Faça como uma amiga minha que cada vez que sai do carro, vira o retrovisor para o lado do condutor, retoca o batom e diz com uma convicção demolidora o Príncipe pode estar em qualquer lado. E pode mesmo. É uma questão de fé, totalmente arbitrária e aleatória, mas pode acontecer. Até porque nós, os extraordinários, somos poucos, mas andamos por aí. Isto é o que diz outro amigo meu que por acaso é mesmo extraordinário e já encontrou a pessoa certa, pelo menos por enquanto. Foi ele que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa.
A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem.
Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes.
Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.
Margarida Rebelo Pinto
05 de Setembro de 2003


Beijooooo muito grande para quem partilhou isto comigo... :)

5 comentários:

Anónimo disse...

Boa perspectiva da Margarida... mas acho que em vez de esperarmos pelo príncipe ou princesa encantada, devemo-nos esforçar por tornar encantados os momentos com aquele(a) que entretanto vivemos. Fazer por acontecer, será talvez o grande segredo, e não esperar...

Beijinhos :)
PS

Sandra disse...

Boas palavras PS!! :)

É mesmo isso que devemos fazer... Não ficar sentados em casa à espera que a campainha toque!! Sair, viver naturalmente cada dia e quem sabe, um dia, talvez aconteça... :)
Entretanto torno encantado cada momento do meu dia, é verdade, nem que seja a cantar sozinha no meu carro... É encantador, a sério! Só quem ainda não ouviu é que duvida... lol

Beijinhos

Anónimo disse...

Imagino que seja um momento encantador...!!
:):):)

beijinho
PS

Anónimo disse...

O Príncipe encantado afinal existe? Será que vale a pena suspirar pelo Homem Ideal? Ou esperar que aquele que pensamos ser o homem da nossa vida nos venha bater à porta? Os contos de fadas dizem que sim, mas os contos de fadas estão fora de moda. As princesas já não passam o dia fechadas em castelos, já não há dragões nem bruxas de verruga no nariz e as madrastas maléficas são como os cigarros: estão out. O cavalo branco foi substituído pelo carro, o castelo de sonho por um T3 e já ninguém acredita nem em ter muito filhos, nem que pode ser feliz para sempre.
AS NARRATIVAS clássicas são perversas: os amantes nunca estão juntos, e se tão raro momento de sorte acontece, logo pagam as favas e com juros. O perigo espreita de cada vez que uma donzela se apaixona e só o homem tem um papel activo: é ele que tem de lutar contra monstros e inimigos, de ultrapassar pontes incendiadas e de subir a torres sem escadas, enquanto a desgraçada espera, espera, espera, bordando, cantando e aborrecendo-se de morte. Pergunto-me como é que em nenhuma destas histórias houve um príncipe suado, faminto, despenteado, roto e exausto, que ao chegar perto da sua querida não tenha dado com ela morta de tédio. Antes a morte do que tal sorte. E de cada vez que ela tenta escapar, cabe-lhe o destino de Rapunzel, que foi condenada a vaguear por montes e desertos, sem tecto nem honra. Já a mãe de Rapunzel fora castigada pelo pecado da gula ao invejar as delícias da horta no quintal da bruxa quando estava grávida, razão pela qual teve de entregar a menina à vizinha malvada. A única ilação interessante desta história é o reencontro dos dois apaixonados: ela consegue curar a cegueira do príncipe com as suas lágrimas de amor. Isso sim, pode ser visto como um símbolo de redenção, aquela velha ideia de que as mulheres salvam os homens, de que eles por elas querem sempre ser pessoas melhores.
O VERDADEIRO príncipe é o que não precisa de lutar pela sua princesa todos os dias; ele chega a casa e junta-se a ela para resolver os problemas que forem precisos. Está presente, todos os dias, para o que der e vier. E quando é preciso matar um dragão ou enfrentar uma bruxa; ambos concertam uma estratégia para repor a ordem. O verdadeiro príncipe não está sempre a precisar de se ausentar para pensar bem naquilo que quer; ele sabe o que quer e, uma vez tomada a decisão, segue o seu instinto com coerência e consistência.
Talvez a sua maior qualidade, ao contrário dos príncipes confusos e indecisos, é não ter medo de ser feliz. Ele sabe que ser feliz dá trabalho, requer investimento, obriga a tempo e apela à disciplina. Ele tem consciência de que a sua donzela, tal como qualquer outra mulher, é complexa, mimada, caprichosa, por vezes infantil, não raro insegura e de vez em quando insuportável. Mas ele também sabe que gostar dela é aturá-la com os defeitos e aproveitar ao máximo as suas qualidades.
O VERDADEIRO príncipe tem poucas dúvidas, opera segundo o princípio da determinação. Já os outros, os que andam a brincar ao Homem Ideal, são escravos da hesitação; precisam sempre de mais um tempo. Meus amigos, tempos dão-se no futebol. Um homem que se preze, ou quer ou não quer.
É pegar ou largar.
por MargaridaRebeloPinto

Anónimo disse...

O Príncipe encantado afinal existe? Será que vale a pena suspirar pelo Homem Ideal? Ou esperar que aquele que pensamos ser o homem da nossa vida nos venha bater à porta? Os contos de fadas dizem que sim, mas os contos de fadas estão fora de moda. As princesas já não passam o dia fechadas em castelos, já não há dragões nem bruxas de verruga no nariz e as madrastas maléficas são como os cigarros: estão out. O cavalo branco foi substituído pelo carro, o castelo de sonho por um T3 e já ninguém acredita nem em ter muito filhos, nem que pode ser feliz para sempre.
AS NARRATIVAS clássicas são perversas: os amantes nunca estão juntos, e se tão raro momento de sorte acontece, logo pagam as favas e com juros. O perigo espreita de cada vez que uma donzela se apaixona e só o homem tem um papel activo: é ele que tem de lutar contra monstros e inimigos, de ultrapassar pontes incendiadas e de subir a torres sem escadas, enquanto a desgraçada espera, espera, espera, bordando, cantando e aborrecendo-se de morte. Pergunto-me como é que em nenhuma destas histórias houve um príncipe suado, faminto, despenteado, roto e exausto, que ao chegar perto da sua querida não tenha dado com ela morta de tédio. Antes a morte do que tal sorte. E de cada vez que ela tenta escapar, cabe-lhe o destino de Rapunzel, que foi condenada a vaguear por montes e desertos, sem tecto nem honra. Já a mãe de Rapunzel fora castigada pelo pecado da gula ao invejar as delícias da horta no quintal da bruxa quando estava grávida, razão pela qual teve de entregar a menina à vizinha malvada. A única ilação interessante desta história é o reencontro dos dois apaixonados: ela consegue curar a cegueira do príncipe com as suas lágrimas de amor. Isso sim, pode ser visto como um símbolo de redenção, aquela velha ideia de que as mulheres salvam os homens, de que eles por elas querem sempre ser pessoas melhores.
O VERDADEIRO príncipe é o que não precisa de lutar pela sua princesa todos os dias; ele chega a casa e junta-se a ela para resolver os problemas que forem precisos. Está presente, todos os dias, para o que der e vier. E quando é preciso matar um dragão ou enfrentar uma bruxa; ambos concertam uma estratégia para repor a ordem. O verdadeiro príncipe não está sempre a precisar de se ausentar para pensar bem naquilo que quer; ele sabe o que quer e, uma vez tomada a decisão, segue o seu instinto com coerência e consistência.
Talvez a sua maior qualidade, ao contrário dos príncipes confusos e indecisos, é não ter medo de ser feliz. Ele sabe que ser feliz dá trabalho, requer investimento, obriga a tempo e apela à disciplina. Ele tem consciência de que a sua donzela, tal como qualquer outra mulher, é complexa, mimada, caprichosa, por vezes infantil, não raro insegura e de vez em quando insuportável. Mas ele também sabe que gostar dela é aturá-la com os defeitos e aproveitar ao máximo as suas qualidades.
O VERDADEIRO príncipe tem poucas dúvidas, opera segundo o princípio da determinação. Já os outros, os que andam a brincar ao Homem Ideal, são escravos da hesitação; precisam sempre de mais um tempo. Meus amigos, tempos dão-se no futebol. Um homem que se preze, ou quer ou não quer.
É pegar ou largar.
por MargaridaRebeloPinto